Texto e pesquisa: Prof. Elton Frias Zanoni

Uma história de muitas décadas

As origens do CNSD

O Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD) existe no bairro da Casa Verde desde 1948. É uma obra educativa das Irmãs Escolares de Nossa Senhora (IENS), congregação católica de origem alemã. A data de 15 de setembro — dia da devoção mariana que empresta o nome ao colégio — é a referência para as celebrações de fundação. Efetivamente, as atividades do CNSD iniciaram-se em 2 de fevereiro de 1948.

Fachada do CNSD na Rua Relíquia. Foto de 2019.

Com Madre Teresa, o início de tudo

A Congregação das IENS considera como a data de sua fundação o dia 24 de outubro de 1833. Sua fundadora, Maria Teresa de Jesus Gerhardinger, nasceu em 1797 na pequena cidade de Stadtamhof, território da Baviera, hoje pertencente à Alemanha.

Regensburg, cidade vizinha à terra natal de Madre Teresa, separada dela apenas pelas águas do Rio Danúbio, 2019.

A Beata Maria Teresa de Jesus, cujo nome de batismo era Carolina Gerhardinger. Arte de Erich Klimek.

Expansão na América e na Europa

Ao longo do século XIX, as IENS fizeram-se presentes também no continente americano, a começar pelos Estados Unidos. A expansão pela Europa deu-se por novas regiões em território alemão, além de países como Áustria, Hungria, Itália e Inglaterra. Todo esse movimento deu-se ainda no século XIX. Quando Madre Teresa faleceu, em 1879, a Congregação já estava presente em 12 países.

Chegada ao Brasil

Foi em 1935 que as primeiras IENS chegaram ao Brasil, estabelecendo-se, inicialmente, em Forquilhinha (SC). Nesse mesmo ano, as Irmãs chegaram em território paulista, onde trabalharam na área da saúde em Matão. Em 1937, somavam-se 16 IENS no recém-criado Vicariato de São Paulo. No ano seguinte, o total de IENS da Baviera chegou a 30.

Chegada à capital paulista

A partir de 1941, foram estabelecidos os primeiros contatos com autoridades eclesiásticas e educacionais da capital. As tratativas iniciais, conduzidas pela Madre Maria Recaldis Haberl, voltavam-se ao desejo de abrir uma escola na cidade de São Paulo. No contexto de perseguições da Segunda Guerra Mundial, dizia-se que, na capital paulista, haveria maior facilidade para religiosas estrangeiras lecionarem.

Chegada ao bairro da Casa Verde

Com apoio do Monsenhor Germano, então vigário da Paróquia São João Evangelista, as IENS estabeleceram-se em uma pequena casa à Praça Centenário, no bairro da Casa Verde, em fins de 1941. As Irmãs chegaram em momento oportuno, visto que o vigário procurava religiosas para substituir as Irmãs Beneditinas. As atividades escolares, sob condução das IENS, iniciaram-se em 1942, com 80 alunos, em prédio provisório, situado à Rua Inhaúma. Em 1943, após aquisição de um terreno na Rua Saguairu, o Externato Imaculada Conceição passava a funcionar em prédio próprio.

Paróquia Nossa Senhora das Dores

Em 1946, outro religioso da Casa Verde — o Padre Antônio D'Ângelo, italiano e primeiro pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores — solicitou a presença de IENS junto à sua paróquia. Atendendo ao pedido, no ano seguinte, Madre Recaldis adquiriu uma propriedade situada à então chamada Rua Morro do S, 11 (hoje Rua Relíquia, 691). Era uma casa pequena que serviu de embrião ao Externato Nossa Senhora das Dores, a segunda casa das IENS na capital paulista. Essa ação somente foi possível com o empréstimo de 10 mil dólares oriundo das IENS dos EUA.

A propriedade que pertencia ao Sr. João Bittencourt, comprada pelas IENS. Originalmente, o espaço abrigava uma chácara com uma pequena casa de moradia: embrião do CNSD.

Em 1948, o primeiro ano letivo

Em 2 de fevereiro de 1948, com 250 alunos, começava o primeiro ano letivo do Externato Nossa Senhora das Dores. Além do Jardim da Infância, também chamado “Pré-primário”, havia três turmas de 1º ano e uma de 2º ano do então “Primário Fundamental”.

Alguns dos primeiros estudantes do CNSD, 1948.

A estrutura inicial contava — conforme atestam os relatórios oficiais da época — com três salas de aula de 7,60 x 5,80 metros, três instalações sanitárias, 50 carteiras, 10 mesas, 30 cadeirinhas e três quadros negros. A primeira diretora, alemã, foi Ir. Maria Danielis Reichel. Além dela, atuavam como professoras no ano de fundação mais três IENS: Ir. Maria Adelmara Zimmermann, Ir. Maria Teresa Elorza e Ir. Maria Rita Bouças.

Notável crescimento na década de 1950

Em 1950, já existiam nove turmas e o total de 455 alunos. Foi nesse ano que a Congregação adquiriu um terreno de 20 x 33 metros, com frente para a Rua Iataí, fazendo fundos com a área que já lhe pertencia e que abrigava a estrutura pioneira.

Esse apreciável impulso inicial foi seguido de outras ações. No bairro da Casa Verde, de grande densidade demográfica, não havia escola secundária voltada ao público feminino. Atendendo aos pedidos de inúmeras famílias e autoridades locais, a Congregação das IENS pôs em execução o plano de edificação de um prédio para fins de ensino, com instalações que satisfizessem as exigências legais para funcionamento de um “Ginásio” (1953) e de uma “Escola Normal” (1956). Foi um tempo de grandes obras e de muita ousadia, o qual estendeu-se de 1952 a 1957.

Um dos blocos de salas de aula em construção, 1952.

Obras a pleno vapor, 1952.

A fachada da Rua Relíquia tomando forma, 1954.

Aspecto do bairro da Casa Verde com o Colégio ao fundo, década de 1950.

A primeira Kombi adquirida pelas Irmãs, 1957.

O olhar técnico e artístico dos anos 1960

Em documento de 1965, são listados como materiais educativos as “coleções de slides e discos culturais, vitrolas e retroprojetores”. O currículo contava com aulas de corte e costura, técnicas industriais e comerciais, datilografia, educação para o lar — dentre outras. Havia, ainda, uma fanfarra com 130 instrumentos e uma “bandinha rítmica”.

Grupo de IENS em 1966.

Fachada da Rua Relíquia, 1964.

Grupo de estudantes e IENS, 1965.

As formações técnicas e o supletivo

Em 1974 são oficializadas diversas habilitações profissionais. Em nível técnico, destacava-se a habilitação específica para o Magistério de 1º Grau, além de Química. Havia outras, como Auxiliar de Contabilidade, de Escritório e de Laboratório de Análises Clínicas.

A partir de 1975 foi autorizado o funcionamento dos Cursos Supletivos de 1º e 2º Graus. No ano seguinte, solicitava-se autorização para o funcionamento de novas modalidades técnicas para os cursos de 2º Grau: Contabilidade, Secretariado, Assistente em Administração e Publicidade.

São marcas na memória afetiva dos estudantes que vivenciaram os anos 1980 e 1990, no CNSD, a “Fanfarra” e as “Olimpíadas” onde parte de suas atividades aconteciam na Rua Iataí, bem como as tradicionais Festas Juninas, que até hoje atraem ex-estudantes de diversas gerações, sendo uma ocasião especial e aguardada para muitos reencontros.

Grupo de estudantes e espectadores na quadra ainda sem cobertura, 1973.

Grupo de estudantes em 1970.

Colaboradores docentes e IENS na Sala dos Professores, 1973.

Formandas normalistas na capela, 1987.

Grupo de alunas formandas com a professora Pina, 1991.

Tempo presente

Desde a sua fundação, o CNSD formou milhares de estudantes que receberam valiosos fundamentos sobre os quais alicerçaram sua vida pessoal, familiar e profissional.

Atualmente, o CNSD acolhe estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio. Com o “Programa Bilíngue”, o foco para os próximos anos será o de garantir a já reconhecida formação de qualidade aliada à fluência na Língua Inglesa ao final da Educação Básica.

O objetivo do CNSD continua sendo o de assumir o protagonismo na formação de sujeitos éticos, responsáveis, participativos, autônomos e preparados para enfrentar as constantes transformações em uma sociedade cada vez mais complexa.

Diante disso, nossas equipes trabalham para que todos alcancem grau de excelência na construção do conhecimento e no desenvolvimento integral como pessoa, de modo que nossos estudantes se comprometam firmemente com a transformação do mundo.

Lista de Diretores do CNSD (por ordem cronológica, de 1948 até o presente):

  • Ir. Maria Danielis Reichel
  • Ir. Maria Callistina Grepmair
  • Ir. Maria Mechtildis Gleissner
  • Ir. Maria Eloísa Gomes da Silva
  • Ir. Iluminata Singer
  • Ir. Maria Rosa Dias da Costa
  • Ir. Arcelia Maria Paese
  • Ir. Maria Verônica Bressan
  • Ir. Maria Ângela Ramacciotti
  • Ir. Maria Margarida Martins
  • Maria de Lourdes Guimarães Rangheti
  • Viviane Cristina Cândido
  • Ir. Marinez Capra
  • Prof. Elton Frias Zanoni